Sabe aquela história de que não venha mexer comigo, que a situação pode complicar…isso pode muito bem ocorrer diante de campanhas publicitárias. A publicidade tem o poder de unir cliente e produtos e com isso fortalecer a imagem da marca. Acontece que quando uma marca começa a se destacar muito diante de seus concorrentes essa mesma publicidade pode retornar de forma comparativa, estratégia muito comum diante de seus concorrentes. A disputa entre marcas através de campanhas pode ser interpretada de diversas formas, níveis e intenções: o que pode ser engraçado e estimulante para o expectador (no caso clientes e potencias) até chegar ao ponto de estabelecerem verdadeiras guerras entre marcas. Relevância de mercado diante de seus concorrentes é o principal intuito e objetivo que toda marca almeja, o que vai diferenciais-la das demais é a forma como se apresenta. Toda marca deseja ser distinta e relevante em seu mercado, estar na mente do consumidor como TOP OF MIND. Além dessa proposta a marca pode exercer ainda papel qualitativo, publicitário e econômico. Lembrando que no Brasil não há legislação que regule especificamente o tema, cabe ao Código de Autorregulamentação Publicitária do CONAR e ao Código de Defesa do Consumidor a Tutela Jurídica. A marca deve auxiliar e ajudar o cliente em suas escolhas e além disso tem como função se transformar e adequar-se ao longo de sua existência. Deve evoluir e acompanhar as mudanças, hábitos e tendências da sociedade e do mercado no qual está inserida de forma inteligente: tudo com responsabilidade. Quando o assunto é utilizar de estratégia comparativa, as informações das marcas do anunciante e do concorrente devem ser verídicas, em não havendo dubiedade de interpretação ou indução do consumidor em erro, sempre a fim de destacar:
- Competição
- Distinção
- Qualidade
- Garantia
- Incentivar novos clientes
- Manter a fidelidade dos atuais clientes
A proposta saudável de uma publicidade comparativa dispõe de uma disputa entre produto ou serviço do anunciante ao seu concorrente de forma clara, reforçando suas vantagens sem diminuir, menosprezar ou comprometer quaisquer concorrentes. Geralmente essa comparação ocorre para que o cliente possa compreender e assimilar os motivos e razões pelas quais possa optar pelo marca anunciada. Essa estratégia normalmente é adotada por marcas que estão em uma posição acima, ou ao menos no mesmo patamar em número de vendas a fim de incentivar maior consumo e conquista de maior mercado. Marcas que utilizam dessa estratégia sabem bem quem são seus concorrentes, clientes de concorrentes e os limites de comparação. Abaixo a clássica disputa entre Pepsi e Coca-Cola:
Pepsi: “Desejamos-lhe um Dia das Bruxas assustador!”
Coca-Cola: “Todos querem ser um herói!”
A comparação informativa propõe apenas apresentar de forma objetiva e clara, sem interesse na venda de um produto ou serviço em benefício de outro, sem ataques aos concorrentes.
Identificamos outro exemplo de campanha criativa que exalta a concorrência: categoria Hard-Sell. Criado em 2006 pela agência alemã Jung Von Matt para a BMW. A rivalidade germânica fica bem explícita neste anúncio, onde um caminhão Mercedes-Benz, estilo cegonha, transporta carros da BMW. O texto diz: “A Mercedes can also bring driving pleasure” (Um Mercedes também pode trazer prazer em dirigir) transmitir aos clientes conhecimento sem a intenção de obter vantagem comercial, nem maior fatia de mercado. A proposta dessa estratégia é institucional com o intuito de agregar e reforçar seus valores e princípios. Em outro caso, a marca Positivo através do jovem funkeiro Mc Guimê criou uma campanha de smartphones que deixou bem clara essa proposta. A Positivo adotou como estratégia unir a enorme popularidade do cantor a imagem da marca, juntamente com milhares de jovens que estão sempre ligados nos lançamentos e novidades das linhas de smartphones. Nessa campanha o cantor ressalta diversos diferenciais do produto comparado aos demais smatrphones concorrentes (em poucos segundos) e o principal: a marca aliou e alinhou a imagem de produto e garoto propaganda a linguagem do seu público-alvo.
Ainda na comparação informativa, através de uma excelente e genial estratégia de posicionamento institucional, em 2015 a emissora de televisão brasileira SBT do ícone Silvio Santos decidiu parabenizou a sua maior concorrente Rede Globo pelos seus 50 anos.
Lembrando que no ano de 1990 o SBT também utilizou dessa mesma estratégia institucional com a finalidade de prestigiar seus concorrentes, onde parabenizou seus concorrentes no dia da televisão (11 de agosto). Com essas ações Sílvio Santos prova que não tem rivais, mais sim, concorrentes e existe espaço para todos. Diante dessas duas campanhas em diferentes décadas, o SBT promove e deixa bem claro que não quer briga, mas sim, competição entre emissoras.
A comparação clara acontece quando a marca através do anúncio apresenta declaradamente sua proposta diante de seu (s) concorrente (s), não resta dúvida que o concorrente se encontra no comparativo. Dessa forma fica óbvio para o expectador que trata-se de uma competição direta e evidente. Esse tipo de anúncio deve levar para o lado informativo, transparente e objetivo de informações, benefícios, atributos, proposta e valores que a marca possui sem ataques ou comprometimento a marca comparada. Propõe a comparação de um produto ou serviço do anunciante que envolvem ítens como: preço, prazo, eficiência, qualidade ou durabilidade, custo benefício, ou quaisquer outros quesitos a definir. Sempre com o(s) produto(s) ou serviço(s) de um ou mais concorrentes. Quando a campanha é bem elaborada aliada a qualidade percebida pode trazer excelentes resultados, inclusive despertando o desejo e preferência não só de compra, mas uma enorme oportunidade de fidelizar e manter interesse pela marca. Ao lançar os modelos Galaxy S9 e S9 Plus Samsung recentemente promoveu uma campanha desafiando a concorrente Apple, antes dos seus recém lançamentos de 2019.
A comparação oculta tem como características destacar os atributos do anunciante, diferenciais e valores perante a concorrência sem revelar de quem ou quais concorrentes está comparando. Sempre omitem ou generalizam a imagem da marca ou produtos de seus concorrentes nos comparativos com o intuito de conquistar maior hegemonia e poder ao divulgar seus produtos ou serviços. Através de uma sincera campanha institucional a Mercedes-Benz traz todo seu respeito pela concorrente B.M.W. onde destacam os atritos dos primeiros anos, mas o ponto forte é o centenário da marca concorrente.
Um clássico exemplo foi da marca Nissan ao comparar seu modelo March com os concorrentes onde reforçava que todos eram iguais, de um ano para o outro só mudavam a frente do carro. Mas afinal, desde o lançamento dessa campanha a Nissan realmente mudou o modelo March por inteiro até os dias de hoje? Por outro lado, temos da Nissan a expertise em lançar produtos em série limitada, o que cria ainda mais a procura por seus carros.
A Comparação oportunista ocorre quando a marca se aproveita dos pontos fracos de seus concorrentes. Mas para isso não basta comparar, mas sim, reforçar e exaltar que seus concorrentes realmente são muito fracos. Geralmente apresentam campanhas reforçando de seus benefícios e ao mesmo tempo tentam convencer diminuindo seus concorrentes direta ou indiretamente. Essa estratégia tem um preço e pode custar muito caro. Mesmo diante de todo potencial que a marca tem possui, realmente precisa ter bom senso e respaldo para que esse ataque ao concorrente não retorne com força total a como contra-ataque.
A Comparação falaciosas utiliza de informações abusivas, mentirosas, ofensivas e desleais a fim de denegrir ou desqualificar a imagem do concorrente. Através de propostas sem fundamentos têm a intenção de conquistar mais fatia de mercado a qualquer preço, mesmo que para isso utilize de argumentos subliminares ou mesmo ironia. Estratégia de marcas kamikazes, apelativas e desleais não tem nada a perder em troca de relevância. Desprovidos de qualquer honestidade ou ética agem de má fé. Do tipo que enganam por um tempo, mas não sempre. Querem ser lembradas a todo custo, mesmo que pra isso não conquistem mais espaço no mercado. Diante de clientes cada vez mais informados marcas que utilizam dessa estratégia perdem a sua credibilidade facilmente não apenas com o mercado, mas com o principal: seus atuais e potenciais clientes.
Toda campanha publicitária é pública e tem o poder de não atingir a um específico nicho de mercado, comprador ou mesmo fornecedor mas ao público em geral. A comparação isenta e sem comprometimento como o próprio nome diz, utiliza-se de argumentos do tipo: “Caros clientes, sei que vocês estão aí, mas nós estamos aqui, que tal ser infiel um pouquinho ou conhecer a gente?” Diante de tantas campanhas comparativas essa é estratégia com o intuito mais interessante para marcas conscientes e que saibam lidar perfeitamente com o perfil de clientes e concorrentes. Muitas marcas utilizam dessa estratégia que sem ataques promove a “infidelidade” do cliente ao ponto de propor instigar a deixar de lado seus seu concorrente e passar para o lado de cá. Promover e estimular novos hábitos é uma excelente estratégia para despertar o interesse pelo novo. Propor uma comparação saudável e verdadeira, é uma excelente tática e que com responsabilidade implica em apresentar propostas reais, palpáveis, podendo ser comparativas sem a intenção de mentir, diminuir, desacreditar ou menosprezar seus concorrentes. Quando os valores acima não são respeitados ocorre distorção de comunicação, podendo causar uma enorme confusão e conflito em todas as esferas que abrange: mercado, marcas, clientes e consumidores. Para obter sucesso a publicidade comparativa não deve forçosamente agredir a reputação, imagem e integridade da marca comparada. Essa estratégia quando não é bem utilizada pode prejudicar a reputação e credibilidade tanto da marca que ataca quanto da marca atacada e isso pode custar caro para voltar a se reestabelecer, inclusive pode causar o fim de uma marca e toda sua história.